Clean Suede EDP - Etat Libre d'Orange

Corpo de mármore, alma de floresta: uma fragrância indomável

Família Olfactiva: Amadeirada Aromática

Notas de topo: Aldeídos, limão siciliano, pimenta rosa

Notas de coração: folhas de bétula, cipreste, gálbano, pinheiro-silvestre

Notas de base: camurça, almíscar branco, âmbar cinzento, fava tonka, íris, baunilha bourbon

Perfumista: Desconhecido

Ano de lançamento: 2023

A água desliza sobre a sua pele como se o acariciasse com dedos de cristal. Cada gota desliza entre os relevos do seu corpo, como se a própria natureza quisesse esculpir a sua silhueta. O primeiro contacto com esta fragrância é puro e eletrizante. Os aldeídos brilham como relâmpagos no céu limpo, enquanto o limão siciliano explode com a sua frescura suculenta, como se estivesse a apertar o sol entre as mãos. É o tipo de limpeza que não lava apenas o corpo, mas também a memória.

Há algo de quase religioso na forma como esta fragrância envolve a pele. Tal como o aroma de uma barra de sabão branco acabada de cortar, evoca a pureza do essencial, a beleza simples e poderosa do corpo masculino sem adornos. Não há arrogância, apenas uma verdade nua e livre. A clareza da sua abertura faz dele um perfume que não se impõe: revela-se, insinua-se, respira.

A floresta vive no seu coração. Uma floresta viva e viril, onde as árvores respiram e os musgos murmuram segredos antigos. As folhas de bétula acrescentam um toque verde, terroso, quase selvagem. O cipreste acrescenta verticalidade, como uma espinha dorsal vegetal. O gálbano intensifica o seu carácter selvagem e balsâmico, enquanto o pinheiro silvestre traz uma frescura resinosa que corta o ar como uma rajada de vento da montanha. É um passeio pela natureza com o peito nu, a alma aberta e os sentidos à flor da pele.

Mas não se deixe enganar: este homem não é só pureza e ar fresco. Por detrás da sua camisa aberta e olhar claro, há uma energia magnética e brutalmente sensual. No coração desta composição, a fragrância transforma-se em pele, em desejo, em sombra. A camurça entra em cena com a sua textura suave e animalesca, abraçando o almíscar branco como dois corpos fundidos na noite.

O âmbar cinzento proporciona aquele toque mineral e salgado que faz lembrar a pele molhada após o desejo. E ali, naquele canto da sua psique onde os instintos e as promessas se cruzam, surge a fava tonka: doce, picante, redonda. A íris, com o seu tom atalcado, matiza o conjunto com uma elegância melancólica, como a recordação de um amor que ainda arde. E o aroma quente e intenso do bourbon baunilha envolve tudo como um cobertor que cheira a prazer.

Este perfume não se usa, vive-se. É uma experiência íntima que começa como um banho de madrugada e termina como um encontro apaixonado sob a lua. Fala de um homem livre, orgulhoso do seu corpo, da sua força, mas também da sua vulnerabilidade. Alguém que não tem medo de ceder, que quer sentir tudo, viver tudo.

É uma fragrância que olha para o amanhã sem medo, que abraça a dualidade do ser: a luz e a sombra, a carne e a alma, o selvagem e o sagrado. Ela não procura agradar, procura comover. Não se explica, cheira-se... e fica. Na memória, na pele, no desejo.